Cada designer de joia é um artista com estilo próprio.

Confira abaixo um pouco da história e das características de alguns dos mais renomados.

VICTOIRE DE CASTELLANE
Diretora artística da Dior Fine Jewellery

Desde que assumiu o cargo, em 1999, a francesa transforma em joias os sonhos e as divagações do fundador da grife, Christian Dior (1905-1957).

Para compor a nova coleção da grife, intitulada Cher Dior, a designer entrou nos arquivos da marca e se inspirou em manuscritos do fundador, em que ele discorre sobre seu fascínio por joias. “Cor é o que dá valor à joia, ilumina e destaca a superfície”, escreveu Christian, em 1956.

Victoire de Castellane seguiu à risca o ensinamento. Sombreados, efeitos rendados, tom sobre tom e uma explosão de cores acesas enfeitam as peças.

Herdeira de uma família tradicional da França, Victoire, que não revela a idade, começou sua trajetória na joalheria criando peças em formato de plantas venenosas e criaturas fantásticas.

Sua marca registrada é a mistura generosa de cores, vindas dos diamantes, das turmalinas Paraíba e das esmeraldas, rubis e safiras que compõem suas peças.

“Uma nova pedra muda totalmente a joia. Assim, cada vez que introduzo um novo elemento aos objetos que crio, preciso refazer todo o caminho, até chegar ao equilíbrio perfeito.”

ROBERTO STERN
Presidente e diretor criativo da H. Stern

É de Hans Stern (1922-2007) o mérito de fazer com que turmalinas, águas-marinhas e topázios brasileiros sejam tão valorizados entre os joalheiros quanto os diamantes.

O imigrante alemão, que fundou em 1945 aquela que se tornaria uma das maiores joalherias do mundo e a mais lucrativa da América Latina, convenceu o Instituto de Gemologia Americano, na década de 1950, de que as pedras que saíam do solo brasileiro eram preciosas.

É o filho de Hans, Roberto Stern, 54, quem hoje mistura “rock com romantismo, estilo com subversão, barroco com art decó” nas coleções da joalheria. “Hoje, o design e o conceito determinam a pedra que será usada. Na época do meu pai, era a partir da pedra que a joia se formava”, diz Roberto, que fez, a partir dos anos 1990, suas peças serem usadas por celebridades como Catherine Deneuve e Angelina Jolie.

NICOLAS BOS
Presidente e CEO da Van Cleef & Arpels

O segredo de Nicolas Bos, 42, para manter a francesa Van Cleef & Arpels, fundada em 1906, no ranking das joalherias mais influentes do mundo está na relação com os clientes -encomendas especiais são um dos pontos fortes da casa- e na visão de feminilidade.

“Nosso diferencial está em não masculinizar a joia. As peças têm dimensões e simetrias femininas. As imagens também têm sutileza, não há panteras, jaguares e cobras como nas outras casas”, diz Nicolas, que comanda há dois anos os negócios e a equipe de criação da grife.

É dele a curadoria das coleções especiais que a Van Cleef & Arpels faz para serem usadas no tapete vermelho e em filmes, como “O Grande Gatsby” (2013), de Baz Luhrmann.

“A joia deve ser um espelho de personalidade para a cliente. Não há ciclos de tendências como na moda.” Ele adianta detalhes da próxima coleção e do que deve cair no gosto das mulheres: águas marinhas, azaleias e opalas, que irão compor uma coleção inspirada num conto de fadas.

TIFFANY HOUSE OF DESIGN
Equipe de criação da Tiffany & Co.

Os 177 anos da casa de joias se confundem com a história da gemologia. É da Tiffany &Co. o mérito de aplicar na joalheria as pedras mais exclusivas do mundo, como o diamante amarelo imortalizado no filme “Bonequinha de Luxo” (o título original é “Breakfast at Tiffany’s”), de 1961, com Audrey Hepburn.

A grife não tem um único responsável pela criação das peças, mas uma equipe de artesãos, designers e lapidadores, cujos nomes são mantidos em segredo e que discute passo a passo as linhas desenvolvidas.

“Os números romanos, por exemplo, estão sempre presentes nas joias, mas são reinterpretados em novos desenhos, acompanhando a estética de cada época”, diz o executivo da equipe de criação.

Vários designers já trabalharam na casa, entre eles Paloma Picasso, que nos anos 1980 levou cores saturadas às joias, que acompanhavam a onda over da década.

“Nosso maior desafio agora é criar joias que possam ser usadas sozinhas ou junto com peças antigas, misturando tendências. Também somos ‘high low’ [termo usado para definir a mistura de alto luxo com peças mais baratas]”, diz o executivo sem nome.

PIERRE RAINERO
Diretor de imagem da Cartier

O francês é responsável por um legado de 167 anos em forma de panteras, animais exóticos e pedras preciosas que fizeram história no cinema e nos colos de atrizes como Elizabeth Taylor e Marlene Dietrich.

Há 30 anos na marca, o hoje “diretor de imagem, estilo e herança” conseguiu que ícones como o anel de três círculos ­­­—o Trinity Ring (1924) com ouro rosa, amarelo e branco, sucesso em casamentos— e a tiara usada por Kate Middleton não caíssem no esquecimento.

Peças icônicas da grife até hoje são reverenciadas pelo pioneirismo na joalheria mundial. O relógio Santos Dumont (1904), com números romanos e produzido especialmente para o aviador brasileiro que dá nome à peça, e o broche Flamingo (1940), usado pela duquesa de Windsor, são copiados por casas do mundo inteiro.

A importância da grife é tão grande que o museu Grand Palais, na França, fez neste ano uma das maiores exposições já dedicadas a joias: “Cartier. O Estilo e a História”, com 600 peças marcantes da casa.

 

por PEDRO DINIZ